A moda está constantemente a evoluir, e a sustentabilidade tornou-se mais do que uma tendência - é agora uma necessidade urgente. A WGSN Insight, uma autoridade líder em previsões de tendências, revelou uma série de ideias relativamente à perceção do consumidor no que diz respeito à sustentabilidade na indústria da moda. Vamos explorar um pouco de que forma a moda sustentável impacta e inspira empresas a enfrentarem os desafios impostos pela crise climática, enquanto abraçam oportunidades para construir um futuro mais sustentável e culturalmente consciente.
Afinal de contas, os efeitos das alterações climáticas tornam-se cada vez mais evidentes, com incêndios florestais e inundações repentinas a aumentarem em todo o mundo, as pessoas vão também sentindo uma conexão pessoal com esta ameaça e procurando seguir marcas que respeitem e defendam causas sustentáveis. Um estudo recente realizado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e pela Universidade de Oxford revelou que 69% dos jovens em todo o mundo consideram as alterações climáticas uma emergência.
A dificuldade no que diz respeito à indústria da moda vem quando estes jovens que dizem considerar a questão da sustentabilidade urgente, exigindo às empresas estratégias ambientais produtivas, são também aqueles que estão sempre atentos às tendências e anseiam constantemente novidades.
A questão que fica é, como é que a industria da moda pode alcançar metas ambiciosas em termos climáticos, ao mesmo tempo que continua a satisfazer o desejo dos consumidores jovens por tendências e novidades?
London Fashion Week - Positive Fashion
Realizada duas vezes por ano, em fevereiro e setembro, a LFW apresenta o trabalho criativo de mais de 250 designers para uma audiência global de pessoas influentes nos media, bem como retalhistas e consumidores.
Não lhes falta visibilidade.
Em 2020, o Conselho de Moda Britânico, declarou que a LFW seria a primeira das quatro semanas da moda globais a abraçar a inclusividade, dando acesso ao público para participar numa espécie de celebração à chamada positive Fashion, onde é reservado um espaço no LFW dedicado à moda positiva que destaca marcas e designers comprometidos com a sustentabilidade, a ética e a responsabilidade social na moda.
Mas, afinal, o que é positive Fashion?
Este conceito foi definido pelo Conselho de Moda Britânico como consistindo em três pilares: sustentabilidade, igualdade e diversidade. Este tipo de mensagem positiva tornou-se comum entre as marcas de moda, que estão cada vez mais ágeis em demonstrar o seu apoio a esses ideais, para conseguir então corresponder às novas exigências do consumidor.
Esta iniciativa por parte do LFW contribui para a imagem positiva do desfile em si, visto que coincidiu com uma época onde muitos desfiles de moda, especialmente os de alta costura, eram criticados por não adotarem práticas sustentáveis na produção, como o uso excessivo de materiais não renováveis, o descartar excessivo de tecidos e a falta de transparência em relação às suas cadeias de abastecimento.
Mas afinal, será que todas as marcas estão a abraçar este tema?
Todas não, mas vamos num bom caminho! De acordo com um estudo da McKinsey muitos responsáveis pela aquisição dos seus produtos desejam que metade deles, até 2025, sejam feitos com materiais sustentáveis. Agora, claro que ainda há muito a fazer na indústria da moda neste sentido. Algumas marcas têm feito esforços para serem mais inclusivas e diversificadas, como lançar linhas de tamanhos maiores e adaptar roupas para crianças com deficiências.
Temos o grande exemplo da Emanuel Chirico, CEO da PVH, proprietária da Tommy Hilfiger, Van Heusen e Calvin Klein, anunciou o programa "Forward Fashion" com 15 metas específicas para reduzir o impacto climático até 2030. Estas incluem a redução de emissões de carbono, a diminuição de resíduos em aterros e ainda a eliminação de plásticos descartáveis. Além disso, a empresa compromete-se a tornar três dos seus produtos mais vendidos circulares até 2025.
Apesar de tudo isto , ainda há um longo caminho a percorrer. É essencial que as marcas se comprometam verdadeiramente com a sustentabilidade e a inclusão, em vez de apenas adotarem uma abordagem superficial para capitalizar as tendências do momento e não serem canceladas. A verdadeira mudança requer um compromisso a longo prazo e uma abordagem de cooperação entre todas as partes interessadas, incluindo marcas, consumidores, governos e organizações não governamentais.