“As previsões indicam que as mulheres serão responsáveis por 75% dos gastos não essenciais a nível global, até 2028”.
É comum que as mulheres sejam injustamente rotuladas como consumidoras compulsivas, mas, se olharmos para os números de forma objetiva, percebemos que as nossas escolhas de consumo não refletem apenas as nossas personalidades, mas também impulsionam todo um ecossistema económico.
Uma pesquisa revelou que as mulheres têm sido o principal motor do crescimento económico e das tendências de consumo. Neste mesmo sentido, há quem diga que 2023 tenha sido o “ano das mulheres” já que os gastos femininos impulsionaram o crescimento de negócios locais e nacionais.
Mas o que exatamente são esses "gastos não essenciais"?
É válido questionar se estar atualizada com as últimas tendências de consumo é realmente essencial. Porém, seguir as novidades pode representar mais do que simplesmente adquirir itens supérfluos, pode ser uma busca por conforto, autoexpressão e até mesmo escapismo perante os desafios do dia dia. Estar dentro das tendências não tem que estar diretamente associado apenas ao despender de dinheiro, pode também estar ligado àquilo que queres transmitir, à mensagem que queres carregar.
No artigo de hoje, e para ilustrar esta conexão entre o aumento de gastos por parte das mulheres e o cenário complexo por trás da decisão de compra, exploramos com vocês o fenómeno global que foi o Barbiecore, destacando como esta trend não apenas movimentou o bolso das mulheres, mas teve também um impacto mais amplo na sociedade.
O sucesso estrondoso do filme da Barbie, que tanto deu que falar, ultrapassou os 1.3 bilhões de dólares de faturação, não conquistando apenas as bilheteiras, mas também todo um movimento cultural, que gerou toda uma onda lucrativa conhecida como Barbiecore.
A tendência adota características da moda e do estilo de vida associadas à icónica boneca Barbie. Isso engloba tons de rosa, estampas com bolinhas, acessórios brilhantes, laços, rendas, corações e peças de moda inspiradas na Barbie, uma experiência visual única e cheia de personalidade.
As celebridades e influenciadores têm um papel fundamental na criação destas tendências, acabam muitas vezes por ser associadas a validação. Quando vemos certa celebridade ou influencer a utilizar uma tendência acabamos por aceita-la, tendo uma vontade inexplicável de usar.
Deixamos-te aqui algumas das celebridades que abraçaram a tendência da barbiecore!
Mas afinal, o que está por trás deste tipo de tendência?
Em primeiro lugar, sempre que estudamos tendências é essencial considerarmos o contexto e as necessidades humanas.
O contexto porque as tendências geralmente surgem quando ocorre uma mudança significativa nele. Neste caso, podemos falar naquela que representou uma das maiores mudanças que experimentamos coletivamente: o covid-19, que alterou drasticamente as nossas relações sociais, dinâmica de trabalho e interações com amigos. Começamos a desenvolver uma necessidade de escapar dessa realidade. O fenómeno Barbiecore é um exemplo perfeito em resposta ao escapismo, sendo uma estética divertida, considerada extremista, cheia de alegria, associada aos tons rosa vibrantes e looks all pink.
Ao estudar o comportamento das pessoas para entender as tendências que surgem atualmente, percebemos que de modo geral, as pessoas tendem a sair de algo extremo para outro extremo, com ausência de um ponto de equilíbrio. Durante os momentos mais críticos da pandemia, a maioria das pessoas escolhia vestir roupas simples e em tons neutros, priorizando o que vestiam da cintura para cima devido às videochamadas e interações virtuais. À medida que as restrições foram diminuindo e fomos saindo à rua, verificou-se uma tendência crescente em vestir cores mais vibrantes e expressivas, levando rapidamente essa mudança para um extremo.
Tudo isto, ressalta tendências estéticas como a barbiecore, que se refletiu não apenas numa tendência de consumo, mas também em forma de respostas individuais e coletivas a acontecimentos significativos. Afinal de contas, o filme da Barbie trouxe ao de cima temas polémicos como o feminismo, a desigualdade salarial e o machismo; houve uma grande divisão de opiniões em relação ao filme bem como movimentos que deram o que falar como por exemplo as mulheres terem esgotado salas de cinema vestidas com outfits cor de rosa. Foi de facto um fenómeno que gerou milhões e milhões de euros e movimentou a economia a nível mundial, mas não foi apenas seguir uma tendência, foi abraçar causas e ter impacto em questões sociais.
E tu, qual é a tua opinião sobre a possibilidade de as mulheres serem rotuladas como consumidoras compulsivas, à luz das previsões que indicam que serão responsáveis por 75% dos gastos não essenciais a nível global até 2028?
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