Hoje em dia o consumidor está progressivamente mais exigente, cada vez mais procuramos marcas e produtos que nos contem histórias e se conectem emocionalmente connosco. No contexto das Fashion Weeks, a importância do storytelling vai além de simplesmente apresentar roupas na passarela. Cada coleção é uma narrativa cuidadosamente elaborada, muitas vezes inspirada por temas, eventos históricos, culturas ou até mesmo questões sociais e políticas. Existem muitas histórias que são contadas, nada é apenas um desfile, uma roupa...para muitos, é uma verdadeira arte.
No artigo de hoje queremos te deixar algumas curiosidades sobre as tão aguardadas semanas da moda.
Afinal de contas, é nas passarelas das semanas de moda que surgem muitas das tendências que estarão em alta: o que é apresentado nas coleções dos designers influencia muito as escolhas de estilo dos consumidores, vendedores e outros membros da indústria por todo o mundo.
Ocorrem geralmente duas vezes por ano:
Setembro e outubro: os designers apresentam as suas coleções para a estação seguinte (neste caso primavera e verão), onde as peças exibidas são maioritariamente projetadas para serem usadas em climas mais quentes, com tecidos leves e geralmente com mais cor.
Fevereiro e março: os designers revelam as suas coleções para o próximo outono e inverno. As peças apresentadas são projetadas para climas mais frios, com tecidos mais pesados, como lã e couro, e uma paleta de cores mais sóbria.
Existem vários países que têm as suas semanas da moda, no entanto as mais conceituadas globalmente são as de Paris, Nova York, Milão e Londres, mais conhecidas como “as big four”.
De todas elas, a Paris Fashion Week é considerada a mais emblemática, diferenciada especialmente por apresentar não apenas as coleções de ready to wear, mas também as renomadas coleções de alta costura. É uma distinção única em comparação com as outras semanas de moda realizadas nos outros países. Paris é mesmo considerado o lar da alta costura, tanto que o termo é protegido por lei na França e sujeito a regulamentações rigorosas estabelecidas pela Chambre Syndicale de la Haute Couture, o que garante que apenas as casas de moda que atendem aos critérios estritos de artesanato, qualidade e tradição possam ser reconhecidas como alta costura.
Marcas como a Valentino, Givenchy, Chanel e Dior são muito conhecidas por apresentarem as suas coleções de alta costura durante a PFW, com peças deslumbrantes, ricamente detalhadas e feitas à mão, muitas das vezes exigindo dias de trabalho esmerado para serem concluídas. Damos-te aqui o exemplo da coleção de outono/inverno 2024 da Valentino de alta costura, onde uma das peças, que à primeira vista são umas “simples” jeans denim, foram na verdade feitas com uma infinidade de miçangas pequenas tingidas de 80 tons diferentes de índigo (azuis) e costuradas uma a uma numa base de gazar de seda (tecido leve e translúcido feito de fibras naturais de seda). A peça foi a abertura do desfile, o que foi uma escolha surpreendente para muitos espectadores, por ter sido apresentada com uma camisa branca simples e sapatos rasos, o que inicialmente gerou uma sensação de estranheza. No entanto, à medida que os detalhes da peça se tornavam visíveis, um pequeno murmúrio de admiração ecoou pela plateia. A atenção aos detalhes, a qualidade dos materiais e a habilidade artesanal evidente rapidamente dissiparam qualquer dúvida sobre se era ou não uma peça de alta costura. Essa abertura bem-sucedida não apenas capturou a imaginação do público, mas também estabeleceu o impacto do desfile, demonstrando a capacidade do designer de surpreender e encantar através da sua arte.
Outro aspeto fundamental das Fashion Weeks é o papel das celebridades e influenciers na amplificação das tendências: as peças de alta costura vistas nas passarelas, após os desfiles de moda, podem ser encomendadas por clientes selecionados ou exibidas em eventos especiais para potenciais compradores. Essas coleções são mais frequentemente destinadas a clientes com muito poder financeiro e famosos, muitas vezes feitas sobre medida para esses clientes. Quando uma celebridade usa uma peça de alta costura num evento de grande visibilidade, não aumenta apenas a visibilidade da marca, mas também influencia as escolhas de moda dos seus fãs e seguidores.
Já as coleções de ready to wear geralmente são distribuídas para as lojas de moda, boutiques ou em canais e-commerce, onde os consumidores podem comprá-las; também são bastante caras e mantêm um nível de exclusividade, apesar de serem mais acessíveis do que as de alta costura.
Todo este conjunto de características fazem da Paris Fashion Week uma das mais aguardadas e prestigiadas do mundo da moda, afinal de contas oferecem uma experiência incomparável para aqueles que desejam testemunhar a excelência e a criatividade da alta costura.
Além de todos estes aspetos, as Fashion Weeks também apresentam uma série de curiosidades que destacam a criatividade e inovação na moda. Por exemplo, às vezes os designers escolhem locais não convencionais para os seus desfiles, criando experiências únicas para o público. Marcas como Louis Vuitton já realizaram desfiles em locais emblemáticos, como a Fondation Louis Vuitton, durante a PFW. É também grande exemplo de criatividade e inovação a coleção de outono/inverno da Dior em 2023, arqueada pela enorme e divertida instalação de escultura em tecido encomendada à artista portuguesa Joana Vasconcelos, que deu vida à coleção de Maria Grazia Chiuri. Mais do que um cenário, transmitia uma sensação de conforto e proteção, semelhante à presença acolhedora de uma figura feminina. O objetivo era materializar uma “homenagem a Catherine Dior”, a irmã do fundador da casa de alta-costura, Christian Dior. Joana Vasconcelos imaginou-a enquanto Valkyrie — uma guerreira da mitologia nórdica. O resultado foi uma “escultura monumental têxtil” inteiramente feita à mão, com cerca de 24 metros de extensão por sete de altura e cujo peso supera a tonelada”, explicou a artista, no Instagram.
Também outras marcas incorporam tecnologia avançada nos desfiles, como é o caso da Balenciaga, que apresentou a sua coleção outono/inverno 2021 como um desfile de realidade virtual, que não foi apenas uma simples transmissão do evento, mas sim uma experiência interativa que transportou os espectadores para um mundo digitalmente criado, refletindo a estética e a visão da coleção. Além disso, a Balenciaga complementou o desfile com o lançamento de um jogo intitulado "Afterworld: The Age of Tomorrow", que explorava ainda mais o universo da coleção e convidava os jogadores a mergulharem na narrativa criada pela marca. O que chamou mais a atenção no desfile foi sem dúvida a fusão criada entre moda e a tecnologia, com modelos holográficos que caminhavam pela passarela virtual, criando uma atmosfera surreal e futurista. Esta abordagem inovadora destacou o compromisso da Balenciaga em explorar novas formas de apresentar a moda e envolver o público, mesmo perante desafios como a pandemia.
Há ainda mais uma curiosidade aliada à tecnologia… existem muitas semanas de moda que são transmitidas ao vivo online, permitindo que pessoas de qualquer canto do mundo assistam aos desfiles e participem virtualmente no evento, ampliando ainda mais o alcance e a acessibilidade da moda! É o caso da London Fashion Week.
No fundo, as Fashion Weeks são verdadeiros espetáculos de criatividade, inovação e conexão, onde a moda se revela uma arte arte e as histórias transformam-se em tendências. Ainda temos muitas curiosidades para ti… não percas os próximos artigos!